quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O amor ao pecado é Crucificado – Thomas Watson (1620-1686)

Imagem cedida por: http://brunorafael.blogspot.com/2010/04/cruz-era-pra-mim.html


O pecado original está disseminado entre nós e nos é inerente enquanto vivermos, isso refuta a posição dos libertinos e dos quakers que dizem que não temos pecado. Eles sustentam a perfeição e exibem muito orgulho e ignorância, porém, vemos as sementes do pecado original, mesmo no melhor deles! "Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque" (Ec 7.20). E Paulo reclamava de um "corpo desta morte" (Rm 7.24). Embora a graça purifique a natureza, ela não a aperfeiçoa.

O apóstolo não diz aos crentes que seu "velho homem foi crucificado" (Rm 6.6), e que eles estavam "mortos para o pecado" (Rm 6.11)?

E de fato eles estão mortos, veja:

1.      Eles estão mortos espiritualmente para o pecado. Eles estão mortos tanto para a culpa como para o poder. O amor ao pecado é crucificado.

2.      Eles estão legalmente mortos para o pecado. Como um homem sentenciado à morte está morto na lei, os crentes estão legalmente mortos para o pecado. Há uma sentença de morte declarada contra o pecado. Ele deve morrer e ir para o sepulcro. Porém, no presente, o pecado tem sua vida prorrogada. Nada além da morte do corpo pode nos libertar completamente do corpo dessa morte.

Levemos a sério o pecado original e nos humilhemos profundamente por causa dele. Ele se apega a nós como uma doença, é um princípio ativo em nós, levando-nos ao mal. O pecado original é pior que o pecado de fato; a fonte é maior que o arroio. Alguns pensam que, enquanto são cidadãos, eles são bons o suficiente. Que pena, a natureza está envenenada.

Um rio pode ter lindos ribeiros, mas, no fundo, ser cheio de parasitas. Tu tens sobre ti um inferno, nada podes fazer quanto à tua desonra; teu coração, como solo lamacento, contamina a mais pura água que verte sobre ele. Conquanto seja regenerado, ainda permanece muito do velho no novo homem. Quanto o pecado original nos humilha. Essa é uma razão pela qual Deus deixou o pecado original em nós, para que tivesse um espinho para nos admoestar.

Como o bispo de Alexandria, depois que o povo tinha abraçado o cristianismo, destruiu todos os ídolos deles menos um, para que, à vista daquele ídolo, eles tivessem aversão a si mesmos pela idolatria anterior. Da mesma maneira, Deus deixou o pecado original para abaixar as plumas do orgulho. Sob as nossas asas prateadas de graça se encontram pés pecadores.

Deixemos essa percepção nos fazer buscar ajuda diariamente do céu. Peça que o sangue de Cristo lave a culpa do pecado, que o seu Espírito mortifique o poder do pecado, peça por outros níveis de graça: embora a graça não faça o pecado desaparecer, pelo menos ela o impede de reinar. Embora a graça não possa expulsar o pecado, pode repeli-lo. E, para nosso consolo, nas áreas em que a graça trava um combate contra o pecado, a morte nos proporcionará uma vitória.

Quarta aplicação: deixemos o pecado original nos fazer caminhar com corações vigilantes e cautelosos. O pecado de nossa natureza é como um leão adormecido cuja raiva é despertada pela mínima coisa. Ainda que o pecado de nossa natureza pareça quieto e repouse como o fogo escondido sob as brasas, basta revolver somente um pouquinho e sentir o pequeno sopro da tentação que ele se inflama rapidamente e se propaga em maldades escandalosas. É por isso que precisamos sempre caminhar com vigilância. "O que, porém, vos digo a todos: vigiai!" (Mc 13.37). Um coração peregrino precisa de um olhar vigilante.

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