domingo, 24 de junho de 2012

LIBERTANDO-SE DAS MÁGOAS - Caroll Thompson

Imagem cedida por: http://sofiaprocurasofia.zip.net/arch2010-11-01_2010-11-30.html


Eles eram amigos muito íntimos; as duas mulheres e seus maridos divertiam-se juntos nos passeios e partilhavam muitas coisas em comum. Parecia haver uma ligação comum entre as duas fa­mílias. Joy trabalhara arduamente nos anos anterio­res, financiando os estudos de seu marido; agora, aqueles anos de trabalho árduo estavam sendo re­compensados, uma vez que ele gozava dos benefí­cios de uma profissão lucrativa. Os filhos vieram para aumentar a alegria do casal. Parecia que a vida daria o que há de melhor para ela e sua família. Tudo era perfeito.
Ela começou a receber cada vez mais amigos de seus filhos à noite. Por seu marido estar trabalhando até tarde, aceitava a solidão pacificamente. De repente, seu mundo caiu. O marido pediu-lhe o di­vórcio; apaixonara-se por sua melhor amiga e deci­dira casar-se com ela. Veio o divórcio; dois lares fo­ram destruídos e Joy ficou sozinha. Seu futuro ma­ravilhoso desvaneceu-se; todo aquele trabalho ár­duo para ajudar a carreira de seu marido também fora em vão. Sua melhor amiga lhe traíra e ela ficara só, com uma mágoa tão profunda que lhe parecia ser impossível recobrar-se.
Aquela ferida poderia ter destruído sua vida, se ela não soubesse como se livrar das mágoas. A rea­ção natural é a vingança carregada de amargura e de ódio. Mas ela descobriu a liberdade para viver novamente, sem as feridas e amarguras.
Joy aprendeu o caminho do perdão. Na medida em que entregava as mágoas a Deus e escolhia per­doar seu ex-marido, experimentava o poder curati­vo do Senhor. Dela saiu o peso enorme da rejeição e das mágoas e ela passou a experimentar o amor de Deus tão profundamente que sua vida mudou com­pletamente. Ao invés de comunicar amargura a seus filhos, passou a ensiná-los a perdoar e a amar o pai.
Há, na Bíblia, a história de uma mulher que deixou sua terra natal com seu marido e dois fi­lhos. Longe de sua terra e de sua parentela, o ma­rido e os filhos morreram. Quando voltou para casa, disse a seus amigos: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. Ela escolheu carregar a amargura da perda e mudou seu nome para Mara, que sig­nifica amargo.
Não é necessário mudar de nome; há um cami­nho para ser livre das feridas e da amargura. Jesus contou a parábola de um homem que tinha um ser­vo. Este devia o equivalente a dez milhões de dóla­res a seu senhor. Quando o servo percebeu que não poderia pagar, suplicou a misericórdia de seu se­nhor e ele lhe perdoou toda a dívida. Lemos nas Escrituras: Então o senhor daquele servo, movido de ín­tima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida (Mt 18.27). Aquele senhor poderia ter lançado o servo na prisão, vendido sua mulher e seus filhos como es­cravos; poderia ter dado vazão à ira e à mágoa vin­gando-se. Ao invés disso, escolheu libertar o servo e perdoá-lo.
Na passagem acima, há duas palavras-chaves que nos apresentam o segredo de como ser liberto das feridas e amarguras. Primeiro, o senhor soltou o ser­vo. Essa palavra, no original, significa "deixar livre, libertar alguém de alguma coisa". Tem a conotação de soltar um cativo de suas cadeias. O senhor da parábola deixou o servo livre de sua dívida.
Depois, o senhor perdoou-lhe a dívida. Uma coi­sa é conformar-se com a perda de uma quantia em dinheiro, mas outra, bem diferente, é ter a atitude correta corri a pessoa que lhe causou a perda. O se­nhor não guardou nenhum ressentimento em rela­ção a seu servo. Ele não somente deixou-o livre da divida, mas também não guardou nada contra o homem. Perdão, no texto original, tem o sentido lite­ral de "deixar ir, mandar embora". Também é tradu­zido como "cancelar, remir, desculpar". O senhor escolheu deixar o homem ir — livre de qualquer obrigação. O homem estava desculpado.
Eis aqui, então, os dois passos para se ficar livre das feridas e amarguras. Primeiro: libere tudo o que a pessoa lhe deve. Segundo: deixe a pessoa livre de todas as obrigações para com você. Desse modo, você estará abrindo mão de receber o que por direito lhe pertence e permitindo que a pessoa se vá sem obri­gações. Essa é a chave para ser liberto.
Se você tem dificuldade para perdoar o que a pes­soa lhe deve, caminhe a segunda milha. Jesus disse: E ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te o vestido, lar­ga-lhe também a capa; e se qualquer te obrigar a cami­nhar uma milha, vai com ele duas (Mt 5.40-41). A ver­dade ensinada aqui é que se deve ir além do que é requerido. Isso também se aplica ao perdão.
Dois amigos eram sócios em uma empresa. Após algum tempo, decidiram dissolver a sociedade e ven­der o negócio. Um deles ajeitou as coisas de modo a conseguir muito mais ações do que lhe era devido, o que deixou o outro sócio profundamente magoado e sofrendo com o prejuízo. A justiça poderia ter resol­vido o caso, mas o sócio que sofrerá a perda era cris­tão, e sentia que deveria seguir a determinação das Escrituras de não ir a juízo (l Co 6). Depois de orar sobre o problema, decidiu esquecer o dinheiro e per­doar o ex-sócio.
Embora tendo feito o que sabia que era correto e agradável a Deus, achou difícil perdoar completamente seu ex-sócio; ainda sentia rancor por tudo. Depois de mais orações, resolveu caminhar a segun­da milha. Seu ex-sócio estava se mudando para uma cidade distante e suas despesas com a mudança se­riam consideráveis. O cristão resolveu pagar-lhe as despesas, enviando-lhe o dinheiro. Imediatamente, sentiu-se completamente livre da situação. Ao ca­minhar a segunda milha, todas as recordações da primeira foram esquecidas. O perdão libera o ofensor de tudo que deve. O amor cristão, demonstrado ao fazer o bem, liberta o ofendido do peso do rancor. O verdadeiro cristão não sofrerá o dano simplesmen­te, fará isso alegremente e irá além do que for requi­sitado. Isso traz libertação total.
A parábola que o Senhor apresentou é um exem­plo da graça de Deus e de Sua compaixão pelo peca­dor. Não há condição alguma para o pecador pagar o que deve; é totalmente impossível. Deus tem todo o direito de lançar o pecador no inferno, mas Ele aten­de com misericórdia e perdão a cada um que a Ele se aproxima, suplicando por isso. Deus vai além do per­dão; Ele coloca o pecador diante de Si como justo e transforma-o em filho de Deus, dando-lhe o direito de comparecer diante de Seu trono. Que maior exemplo de perdão e amor a um condenado poderia ser en­contrado?
Mas há um aspecto decepcionante na parábola de Mateus. Ao invés de perdoar como fora perdoado; exercer misericórdia como recebera misericórdia, o servo encontrou um de seus conservos que lhe de­via cerca de 18 dólares em prata e imediatamente exigiu o pagamento. Não demonstrou misericórdia e encerrou seu amigo na prisão até que pagasse toda a dívida.
O servo tinha fracassado em aprender a perdoar; continuava com a determinação de obter tudo o que era direito seu. Recusou-se a abrir mão disso. Eis aqui uma advertência ao povo de Deus: tendo recebido o perdão de Deus, cuide para que não se esqueça de perdoar aqueles que lhe devem. Atente em conceder a mesma misericórdia que recebeu do Pai. Compa­rando o que Deus lhe perdoou, a ofensa de qualquer pessoa em relação a você é como os 18 dólares com­parados aos 10.000.000. Não há como o cristão não perdoar; a misericórdia de Deus o impele a perdoar tudo. Vem agora a advertência: E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, se do cora­ção não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas (Mt 18.34-35). Se alguém se recusa a perdoar, isso libe­ra o atormentador contra sua vida. Os atormentadores são os espíritos de opressão que atuam contra aqueles que se agarram a seus direitos, recusando-se a perdoar e a ter misericórdia. Encontramos aqui o problema de muitas pessoas. Elas mantêm as feridas do passado, levando uma vida cheia de amargura, requerendo seus direitos e sofrendo o tormento do inferno em sua alma. Nenhum psiquiatra pode ajudá-las, nem as drogas, nada; elas estão sofrendo tormentos porque não perdoa­ram. Satanás encontrou um lugar para atormentá-las por intermédio da amargura.
Enquanto as feridas forem lembradas, haverá ligação com o passado. Não haverá liberdade para se viver o presente, A amargura do passado flui nas relações presentes. Aqueles que não querem ser contaminados afastam-se. Conviver com o ódio e o desejo de vingança ligado ao passado é muito difícil. Haverá ligação com cada pessoa do passado que o tenha magoado, e mesmo a morte do ofensor não o libertará da dor. O fato surpreendente é que você ficará semelhante àquele a quem você está ligado por não ter perdoado. Discuti com uma jovem casa­da que estava enfrentando problemas conjugais: "Perdoe seu marido assim como Deus lhe perdoou." Mas ela não acreditava que fosse possível perdoar-lhe a falta de amor e a infidelidade; seu casamento acabou desfeito pelo divórcio. Em apenas um ou dois anos, ela começou a praticar as mesmas coisas que odiava em seu marido. A amargura de sua alma uniu-a a seu marido, mesmo após a separação. Re­ter o pecado de alguém nos torna semelhante a ele. O divórcio não é a solução; o perdão, sim.
Vamos agora ao princípio que explica a verdade presente neste capítulo: Perdoe e torne-se como Deus; retenha o pecado de alguém e torne-se como aquele que cometeu o pecado. O perdão nos libera do ou­tro. A falta dele nos prende ao ofensor. O perdão é uma escolha, não um sentimento. Quando alguém resolve em seu coração que irá perdoar, Deus come­ça a criar Sua imagem e Seu caráter naquele indivíduo. O perdão é um atributo da forma de ser de Deus. Devemos ter Sua semelhança e mostrar Sua misericórdia. Uma experiência dolorosa pode ser transformada em uma bênção, se o caráter de Deus for formado em nós por intermédio da experiência.
Agora vamos à observação final: O perdão libera Deus. Em primeiro lugar, seu perdão em relação aos outros libera o perdão de Deus para você. Porque, se perdoares aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas (Mt 6.14-15). A obra de Deus na vida de alguém está sustada pela falta de perdão, e seu próprio pecado também permanece imperdoável. A obra da graça é impedida pela falta de perdão. Deus trabalha sob o princípio da misericórdia e do perdão. O objeto de Sua misericórdia deve demonstrar mise­ricórdia, o objeto de Seu perdão deve mostrar perdão para continuar a recebê-lo. Aquilo que recebemos de Deus devemos conceder aos outros. A redenção e o perdão são coexistentes na vida do crente.
Em segundo lugar, seu perdão libera o perdão de Deus aos outros. A palavra de Deus diz: Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o c\ue desligardes ma terra será desligado no céu (Mt 18.18). A mão de Deus é Impedida pela falta de perdão de alguém. Lembro-me de uma mãe totalmente atormentada pelo ódio e pela amargura. Seu ex-marido tomara dela suas duas filhas por meio de fraude e obtivera a guarda legal das meninas. Ela ficou ressentida com a madrasta, que ocupou seu lugar, e acabou perden­do todos os privilégios, ate mesmo o de ver suas filhas. Perdoar parecia-lhe impossível. Essa situação perdurou por muitos anos. Apesar disso, perguntei-lhe: "Você vai escolher perdoar seu marido, que fi­cou com as crianças? Você perdoa essa madrasta, que ocupou seu lugar? Você escolhe perdoar?"
Ela ficou muito hesitante, mas, depois, respondeu com voz bem fraca que faria essa escolha. Tendo to­mado essa decisão, Deus interveio na situação e, em um mês, o ex-marido e a esposa levaram suas filhas para visitá-la. A comunicação foi restabelecida, e a mãe pôde demonstrar amor sincero à madrasta de suas filhas. Deus curou-a através do perdão.
Em terceiro lugar, seu perdão libera a cura de Deus em você. Este é o princípio bíblico: soltai e soltar-vos-ão (Lc 6.37). A palavra soltar aqui é a mes­ma da parábola de Mateus 18, onde o senhor soltou o servo. Quando se solta alguém por meio do per­dão, Deus solta a ferida que surgiu por intermédio daquela pessoa. É o princípio que Deus segue: Dei­xe livre a pessoa que o feriu, e depois Deus o liber­tará de suas feridas. O primeiro passo é uma esco­lha que você faz, depois Deus está livre para minis­trar a cura em sua alma, tirando a ferida, expulsan­do a amargura e o ódio, e colocando amor em seu lugar. Transformação tão maravilhosa só pode acon­tecer quando você escolhe o perdão. Pois quando você faz essa escolha, Deus entra em cena. E Ele sem­pre muda as coisas.

FONTE: Extraído do livro Feridas Satânicas, Página 21 de Autoria de Caroll Thompson da Graça Editorial

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